Bom, antes de mais nada devo dizer que não faria a prova. Não faria porque achei o valor da inscrição um absurdo. US$ 500,00 por uma prova de 70.3 é algo fora dos padrões internacionais. É bem fácil encontrar provas de 70.3, do circuito WTC, por US$ 250,00. Assim, pagar o dobro para fazer uma prova aqui não me pareceu a escolha mais sensata. Já havia reservado uma outra prova de 70.3, nos EUA, em substituição ao 70.3 Brazil. Outro ponto que me desanimou bastante foi a mudança da prova para Brasília. Já morei na cidade, gosto da cidade, mas entre nadar no mar ou num lago, não tenho dúvida em escolher o mar. Um último ponto que me deixou um pouco preocupado foi a questão climática. Brasília, nesta época do ano, tem índices de umidade relativa do ar muito baixos. Correr uma prova num clima de deserto não é a coisa mais sensata a se fazer. Há mais o mundial de Vegas é no deserto....ok, é mesmo, mas e daí? Não acho certo que seja. Aliás, já mudou!
Bom, a minha ida para Brasília foi de carro. Saindo de Santos encarei cerca de 13 horas de carro até lá. Não foi a decisão mais sábia, pois é uma viagem bem cansativa. Cheguei em Brasília na sexta-feira. Fui até a Expo para retirar o meu kit.
Chegando no hotel, saí para dar uma volta com a bike para fazer um teste e ver se estava tudo ok. Depois, na seguida, fui correr. Corri por 30 minutos, de forma bem leve, mas foi o suficiente para ver (ou sentir) o que é ser castigado pela baixa umidade.
Com o kit em mãos, e um treino leve nas costas, fui para uma pizzada na casa de amigos. Meu jantar de massas já estava garantido. No sábado fui até a Expo para entregar a bike. Aproveitei para dar mais uma olhada no Lago Paranoá. Bem bonito o local. Fiquei com uma boa impressão. A organização do evento estava legal, nada devendo às provas no exterior.
Dia da prova
Acordei 3:45 horas e fiz o meu tradicional café da manhã com panetone e suco. Minha hidratação e alimentação estava garantida com alguns produtos da First Endurance. Experimentei os produtos da EFS e não parei mais de usá-los. Nunca me deixaram na mão.
Cheguei na área de transição cedo, bem cedo. Fui para a bike, preparei as garrafinhas de água (2 com água e uma com EFS - para hidratação e reposição de minerais). Também deixei separado, junto com o capacete da bike uma bisnaguinha com EFS shot (muito carboidrato), suficiente para umas 4 horas de pedal.
Wetsuit colocado, óculos ajustado, vamos para a área de largada. O sol estava bem na direção da bóia. Uma sugestão para as provas futuras seria ajustar um pouco a posição da bóia. Pois da maneira como ficou, ficamos cegos na ida (em função do sol) e na volta (pois ter que olhar para o sol por alguns minutos maltratou os olhos). Apesar de sentir a água um pouco pesada a natação desenvolveu bem. Foi a minha melhor natação em uma prova de 70.3. Pouco mais de 30 minutos, para alguém que nada mal, não foi tão ruim. Acredito que os treinos com a Equipe da FEFIS/Unimes, em Santos, tenha me ajudado bastante. Enpolgado com o tempo da natação, saio voando para a transição e na busca de fazer uma transição mais rápida.....ficou na sacola a minha bisnaguinha com o carboidrato da bike ....... OMG! A única coisa que teria para comer na bike e me dar energia eram 2 bananadinhas, com açucar, que havia deixado fixas no quadro da bike, com fita adesiva. Nem pensava em usá-las, mas depois que saí com a bike (e vi que estava sem o meu carbo....) pensei que seriam a minha salvação.
Bom, como estou treinando para uma prova de ciclismo, de longa duração, fazer a perna de bike de um 70.3, representou um desafio, pois era uma prova "curta", de explosão. Algo bem diferente do que estou treinando (em setembro farei uma prova de 48 horas de pedal). Mas, pressionado pelo bom tempo da natação, saí para fazer um pedal, pelo menos razoável. Tentei fazer uma média de 35 km/h. A primeira volta foi tranquila. Comi uma bananinha e vamos que vamos para a segunda. Logo após a passar pela ponte JK fui "pegar" a minha garrafinha (na verdade a garrafona) que estava fixa, na parte de trás do selim, e que continha o produto da First Endurance, com os sais minerais necessários para suportar calor e ritmos de prova, sem sentir demais. Bom, ao buscar a garrafa e nada encontrar pensei...o que pode ter acontecido? Resposta: perdi a garrafa num buraco (mais tarde, com a corrida já terminada, um colega que fez a prova disse ter visto a garrafa cair...... eu não vi, não senti....). Bom, sem meu gel, sem meu líquido mágico, restou tomar um pouco de gatorade e terminar as 2 voltas da bike com uma pedalada um pouco mais conservadora. Fechei o pedal em 2:45 horas.
Chegando na área de troca, a primeira coisa que fiz foi pegal a minha bisnaguinha com o EFS separado para a corrida e segurar na mão! Calcei o tênis e saí para correr. Começei correndo com o pace de 5:30 para acostumar o meu corpo com a mudança (bike para correr). Nos meus treinos, tocava os 21 km para um pace de 4:15, de modo que estimei um pace médio de 4:30 para a meia maratona. Eis que o meu ritmo não se encaixava.... consegui colocar 4:30, mas estava um 4:30 suado, forçado....não conseguia entender o que estava acontecendo. Fui perdendo resistência, tendo cada vez mais dificuldade para manter o ritmo. Após a primeira volta (cerca de 7 km) resolvi esquecer a meta de 4:30 e trabalhar com a busca de um pace de 5:30, mas ainda assim não dava. Na segunda volta estava bem complicado. meu corpo sentiu bastante. Talvez a má alimentação na bike tenha me quabrado. talvez eu devesse ter feito uma bike menos forte (dada as condições - sem gel e sem o "hidrate") e ter iniciado a corrida em melhores condições. O que sei é que não consegui encontrar meu ritmo na corrida e cheguei a ter algumas cãimbras na última volta. Fechei a corrida em 2:20 hs. Muito ruim o desempenho para quem esperava fazer a corrida em 1:30, ou 1:40, no máximo.
Resultado final 5:45. Apesar do tempo de prova fiquei feliz por ter participado e encontrado alguns amigos. Foi muito bom, ao final da prova, encontrar o Guto Antunes, com a esposa e a sua filhinha. O Guto Antunes é um pro que rala muito, pois tem que conciliar uma agenda muito dura de treinos e trabalho...e ainda assim o cara me faz a melhor corrida da prova!
Bom, vamos aos aspectos positivos da prova
1) Circuito bem legal, muito bom mesmo. O lago é bacana, a bike excelente, a corrida idem;
2) Organização bacana;
3) O lanche/refeição pós prova estava muito bom. Achei acima da média, inclusive em relação as provas que costumo fazer no exterior.
Aspectos negativos
1) Bóia frontal ao nascer do sol. Talvez um pequeno ajuste de posição ajuda muito na natação;
2) Houve vácuo em muitos momentos da prova, mas acho que nem foi por "maldade"....eu odeio vácuo e "vaqueiros". Em alguns momentos tive que usar o freio da bike e deixar o pelotão seguir em frente para não fazer parte do pelote. Uma solução pode ser a largada em "ondas" para evitar uma aglomeração muito grande de pessoas saindo ao mesmo tempo da transição swim/bike;
3) Quasde fui atropelado por um carro da polícia que entrou na faixa das bikes para entrar numa pista ao lado. Por favor, mais atenção. Eu estava descendo, a mais de 40 km/h....como é que o carro entra na minha frente? Tive que usar o freio, de forma brusca. Não só eu, mais 3 outros ciclistas que vinhas logo atrás, corremos um grande risco;
4) Observei, na corrida, 2 atletas correndo com acompanhantes, que não estavam fazendo a prova, para ajudar na manutenção do ritmo....isso é um absurdo. acho que cabe uma maior fiscalização neste aspecto.
Mas, no geral, a prova foi bem legal e espero fazê-la em 2014. Apesar do sofrimento na prova...duro mesmo foi voltar para Santos de carro. saí de Brasília às 15:15 hs, no domingo, e cheguei em casa às 0:15 de segunda....isso sim é para homem de ferro!
Mahalo!