A Dificuldade de Generalizações em Ciências da Saúde

Pessoal, vou começar a fazer alguns posts em que dados estatísticos serão analisados. Em função disso, sinto-me na obrigação de tecer alguns comentários em relação a isso. Vocês já perceberam que em ciências da saúde é muito comum encontrar estudos com conclusões conflitantes? Pois é, na área de ciências exatas tal fato é bem raro, pois em um laboratório conseguimos isolar o nosso experimento e reproduzi-lo "n" vezes, com resultados idênticos (muito próximos para ser mais exato).
 
Na área de educação física, por exemplo, como realizar um teste para verificar o efeito de um tipo de treinamento "x" no desempenho de um grupo de atletas? Não é tarefa fácil. O protocolo a ser estabelecido tem que ser muito bem feito, sem contar que muitas variáveis são de difícil controle. Ainda que todos os atletas do experimento sejam confinados em um mesmo ambiente, sujeitos á mesma alimentação, tenham o mesmo tipo de treinamento, ainda assim, não será fácil tirar conclusões e realizar generalizações. Será que todos tiveram repouso (sono) com a mesma qualidade?, será que o fator genético de todos são parecidos (recuperação, por exemplo), será que o nível de estresse (não apenas muscular) de todos é parecido? São muitos fatores a serem considerados e verifiquem que neste exemplo, os atletas ficaram confinados em um mesmo local a fim de se tentar buscar uma maior padronização. Imaginem quando tal fato não ocorre.
 
Não quero dizer com isso que todos os estudos e pesquisas não podem nos levar a conclusões interessantes. Claro que podem. O que quero destacar é que devemos estar abertos a questionamentos. Não devemos aceitar um único estudo como uma verdade absoluta. O questionamento, a indagação, e a dúvida devem fazer parte da análise crítica que tão bem faz ao avanço da ciência.
 
Tais limitações não são exclusivas da área de saúde. Na área de ciências sociais aplicadas (administração, economia, dentre outras) tal fato é constantemente verificado. Durante muitos anos fiz pesquisas e publiquei artigos acadêmicos nesta área e sei da dificuldade de generalizações.
 
É interessante notar que quando construímos um modelo (em qualquer área do conhecimento) buscamos simplificar a realidade, que é muito complexa, para a partir desta simplificação podermos tirar algumas conclusões e realizarmos as tão sonhadas generalizações. Podemos e devemos fazer isso...só não podemos nos esquecer que um modelo é, por definição, uma simplificação da realidade. Nunca, mas nunca mesmo ele será a realidade, mas apenas a sua simplificação para nos ajudar na tomada de decisão.
 
Imaginem um mapa da cidade de Santos, do tamanho de uma folha de papel A4. Ele pode ser visto como um modelo. É  uma simplificação da realidade (cidade de Santos). Imagine se nós começassemos a aumentar o tamanho do mapa....quanto maior, mais perto da realidade. Quando o nosso mapa ficasse do tamanho da cidade de Santos ele seria perfeito (realidade), mas não serveria para nada, pois não poderíamos visualizar nem o contorno,  nem a forma da nossa cidade. A  idéia é essa. Usamos modelos, simplificamos a realidade e tentamos fazer generalizações para podermos avançar nos nosssos estudos, pesquisas, ou nos treinos e melhoria de performance (no caso de educação física, nutrição e demais áreas da saúde). Para finalizar, fica a minha sugestão: nunca aceite uma verdade de forma dogmática. Fique sempre aberto a novidades, novais idéias, ainda que você não concorde com elas integralmente. Aliás, como discordar de uma idéia, teoria, ou procedimento sem estudá-l (a)o, e muito?
 
 
 

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