Aquecimento Estático x Dinâmico

Como eu já disse em post anterior, a área de saúde é bem complexa, do ponto de vista de generalizações e comprovações estatísticas de pesquisas. A dificuldade principal se dá pela quase impossibilidade de replicação das pesquisas em condições similares. Bom, mas o tema aqui é alongamento. Afinal, vale à pena, ou não alongar-se antes dos exercícios. Bom, a resposta mais correta parece ser não. Sim, por incrível que pareça o alongamento estático não traz benefícios significativos no que se refere ao desempenho, bem como a prevenção de lesões. Com relação ao desempenho existem diversos estudos que afirmam categoricamente que o alongamento estático induz a perda de força muscular, com piora de desempenho. Mesmo o alongamento pós treino é colocado em dúvida quando se trata da prevenção de lesões.

Então os alongamentos e/ou sessões de flexibilidade devem ser deixados de lado? A resposta aqui pode ser não! Podem, e talvez devam ser feitos sim, mas como sessões específicas, visando um ganho de flexibilidade, ou alguma recuperação muscular (alongamento muscular).

A dificuldade em tratar deste tema está relacionada ao senso comum. Desde cedo somos levados a crer que o alongamento antes do exercício físico é importante. Mas será que qualquer tipo de alongamento é indicado? Será que não há confusão entre alongamento estático e dinâmico? Será que não há confusão entre alongamento e aquecimento?

Em provas de triatlo, ou corrida,  por exemplo, um alongamento estático vai trazer mais prejuízo do que benefícios. Já em provas de tiro ao alvo, por exemplo, talvez um alongamento, mesmo estático possa ser benéfico.

Treinos e sessões específicas de alongamento são importantes para e buscar uma maior flexibilidade, o que pode ser de extrema importância em esportes como natação e ciclismo. Todavia, como já salientado anteriormente, tais atividades e ações devem ser objeto de treinos específicos e não colocadas como um pré-treino. A flexibilidade, que é essencial para a amplitude do movimento, e portanto, para o desempenho, tem uma grande relação com a elasticidade muscular e deve ser buscada em treinos específicos (Badaro, A.F.V. et. al., 2007).

Num artigo bem interessante, de revisão da literatura, Ian Shirer (2004), mostra que não há evidências concretas de que alongar seja benéfico. Apesar do alongamento ser relacionado por muitos, especialmente pelo senso comum, com a preparação dos músculos e articulações para o exercício subsequente. os estudos mais recentes têm questionado de forma categórica tais premissas. Mais do que isso, alguns trabalhos indicam que o alongamento estático pode estar relacionado a aspectos negativos tanto no que se refere à performance, como no que se refere à prevenção de lesões. Já o alongamento dinâmico, por ter uma relação maior com o tipo de esforço a que o músculo será submetido, parece ser mais indicado.

Diversos estudos mostram que o alongamento dinâmico é bem superior ao estático no que se refere ao desempenho. As justificativas para isso estão relacionadas ao aumento da temperatura do tecido muscular, bem como à elevação:
  • da eficácia da contração muscular;
  • da velocidade de transmissão de impulsos nervosos;
  • do trabalho muscular (semelhança com a atividade a ser executada).
Assim, apesar de restarem alguns pontos ainda a serem esclarecidos parece não haver dúvidas dos benefícios do alongamento dinâmico em relação ao estático. O alongamento estático acaba relaxando os músculos (o que vai contra o esforço que virá em seguida), já o alongamento dinâmico trabalha melhor a preparação do músculo para a atividade física (Chaovachi et al 2010; Gelen, 2010; Needham et. al, 2009, e Taylor et. al, 2009).

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